Zé Issa, seus amigos e admiradores de todas as épocas

Zé Issa, seus amigos e admiradores de todas as épocas

Marcos Antunes e Zé Issa, numa entrevista do escritor à revista AQUI PL, em 2011

A cidade ficou sem seu rei

A cidade ficou mais triste, enlutada, viúva; perdeu seu namorado, seu amado, seu querido. Era caso de amor, de um amor puro e lindo, poderoso. A cidade que era um Reino ficou sem seu Rei. O Rei se foi, na carruagem de Deus, para o outro Reino, onde garças e lírios brancos comemoram o nascimento do amigo Chico, o qual ele respeitou, mas nunca seguiu… e nunca quis se mudar para Uberaba e nem para lugar nenhum.
Só PL, seu Reino. Aqui reinou. O que tinha que fazer, fez aqui. O que tinha que ser, foi aqui. E foi tudo bem feito
PL agora devia chamar-se Zé Issa. Pois sem ele não será a mesma coisa. Não será mais um Reino. Pois estará enlutada, pobre, sem seu maior amante.
Até logo, Padrinho, fique com Deus.

(Marcos Antunes de Freitas, jornalista, escreveu esta homenagem quando a cidade perdeu José Issa Filho, em 21 de setembro de 2015)

Amizade e legado

“A minha amizade com Zé Issa é de longa data. É uma honra para mim, como farmacêutico, ter tido a oportunidade de acompanhá-lo em sua jornada. Seu talento como escritor é inspirador e sua amizade, inestimável. Parabéns pelo seu centenário e que você continue a nos inspirar por muitos anos!”, diz Albertino Domingues sobre José Issa Filho. Albertino e sua filha Suzana também nasceram em Pedro Leopoldo. Aqui conduziram e fizeram crescer a Entrefarma Santa Terezinha, a mais antiga drogaria da cidade, que tem o prazer de fazer parte dessa história, servindo à comunidade com produtos e serviços de qualidade. “Neste centenário, nós agradecemos à cidade de Pedro Leopoldo pela confiança da população e esperamos continuar a ser uma parte importante da vida dos nossos clientes e amigos por muitos anos”.

O poeta das coisas reais e encantadas

Ele descreveu, como ninguém, as coisas de um reino chamado Pedro Leopoldo. O seu olhar foi, ao mesmo tempo, sensível e fotográfico. Mesmo sem ter testemunhado, eu vivi as coisas do passado, ao ler  o seu livro mágico: “Coisas do Reino de Pedro Leopoldo”, que guardo com carinho e que se tornou um dos meus melhores amigos. Sua narrativa foi tão real, e encantadora , que eu sei, até hoje, de cor – de coração -, alguns dos casos que ele narrou, com maestria, bom humor e  leveza , retratando o jeito simples de ser do nosso povo. Entre as barreiras do visível, e do invisível, José Issa Filho, assim  como a sua obra, segue vivo; atemporal; definitivo;  e eterno, no jeito ordeiro e peculiar, de ser e de viver do povo de Pedro Leopoldo. Viva José Issa Filho. Para sempre.

(Robson Vinicius Alves, advogado, é criador do podcast Política que transforma)

Bilhete do pintor Carlos Bracher a Angelo Issa, sobre o livro Coisas do Reino.

SEU ZÉ

(Do livro de poesias “Relembranças” de autoria de Rodrigo Viana e Enrique Tavares)

Como remédio à curta memória das nossas gentes

Substituindo todas as pílulas, rezas, chás e emplastos

Utilizo, em generosa dosagem, as palavras de José Issa Filho.

Boticário de nossas sutis lembranças,

De nossos indícios esquecidos,

Da Pedro Leopoldo que não existe mais…

Da qual só há memória nas linhas de Seu Zé:

Do largo Ribeirão da Mata e suas canoas e peixes,

Das noites claras e suas tênues lâmpadas em postes de aroeira e andorinhas,

Dos assustados olhos negros da professorinha de música,

Da Rua São Sebastião…

Por conta de minha melancolia crônica

Que me ataca sempre às saraivadas nas frias noites de inverno

Tenho sempre à mão

Os muitos escritos do nosso maior memorialista.

(E, muitas vezes, de suas memórias me socorro…)

São meu calmante e anti-espasmódico

Para o medo que sinto

De, um dia, não lembrar mais de mim.

Artigo do ministro do TST, José Luciano Castilho, publicado no jornal Observador

 

São Paulo, 21 de novembro de 1983

Meu caro José Issa Filho.

Pedro Leopoldo teve a sorte de encontrar o melhor cronista de sua vida. Li, com vivo interesse, Coisas do Reino de Pedro Leopoldo, que você teve a gentileza de enviar-me.

Creio que todo mineiro haverá de encontrar-se no seu livro. É que a Pedro Leopoldo que você suscita se multiplica nas centenas de localidades mineiras, com sua mitologia, seus valores imemoriais, seu passadismo inoperante.

Sou de Esmeraldas, antiga Santa Quitéria, burgo antigo, e sei como são nossas reminiscências. Minas é uma herança sem renovação.

Você faz com rigor a descrição de objetos, costumes e valores. E diverte o leitor com o relato de muitos casos, guardando a perspectiva local, interiorana.

Parabéns pelo resultado. Já prometi a 2 amigos o empréstimo de seu livro.

Dou-lhe parabéns pelas memórias encerradas em Coisas do Reino de Pedro Leopoldo. E especialmente pelo pós-escrito, em que você põe em relevo um drama pessoal sem cair no sentimentalismo frouxo. Você realizou uma página de mestre.

Assim, meu caro Issa Filho, ao agradecer a fineza da remessa de seu livro, desejo-lhe felicidade nas festas de fim de ano e um Ano Novo fecundo. Continue a escrever. Você demonstra irresistível vocação para o que Frieiro designou como a “ilusão literária”.

Fábio Lucas

(Trecho da carta endereçada a José Issa pelo Professor-doutor, Escritor, Tradutor, Crítico de Arte e membro da Academia Mineira de Letras e da Academia Paulista de Letras,  Fábio Lucas)

 

 

 

Redação

ARTIGOS RELACIONADOS

Minhas duas mães

Minhas duas mães

Uma mulher alegre, feliz com a vida, boa com todos que a cercavam. Aparecida, minha mãe, merece todas as homenagens não só hoje

LEIA MAIS
A falta que Carminha me faz

A falta que Carminha me faz

Minha mãe costurava. Costurava tão bem que muitas pessoas ainda guardam, como relíquias, os vestidos e conjuntos que saiam da sua Singer. Ou a máquina de costura seria Elgin? Cresci

LEIA MAIS