2020 já foi; é hora de pensar Pedro Leopoldo para 2021

2020 já foi; é hora de pensar Pedro Leopoldo para 2021

Foto Pixabay

Pode-se dizer tudo sobre 2020, menos que foi um ano previsível. Tudo mudou e passamos a questionar várias de nossas certezas. Foi o ano em que aquele velho ditado judaico – “o homem planeja e Deus ri”- fez todo o sentido. E fez muita gente jogar no lixo as planilhas de Excel que embasavam as ideias contemporâneas para o futuro no planeta.

O normal ganhou adjetivo e agora se chama “novo normal”, seja lá o que isso quer dizer, já que para muita gente as coisas continuaram exatamente como antes, mesmo diante de um cataclismo sanitário. Uma pandemia mundial que, ainda muito presente, ameaça, com seus desdobramentos econômicos, tirar a terra sob nossos pés.

Ao mesmo tempo, vimos que podemos aguentar muita coisa: a ausência dos queridos e do calor das aglomerações, a falta da conversa de boteco e do jogo de futebol. Fomos capazes de construir novas fórmulas para velhos problemas e estamos tateando um mundo novo, perto apesar de longe, remoto porém solidário, eletrônico mas empático.

Como pontuou a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, a voz mais ouvida na mídia nesses tempos de pandemia, ninguém poderia imaginar o que este ano nos reservava.  Mas, para o próximo, vale-se de um exemplo histórico: “depois da peste do século XIV, veio o Renascimento. Que sejamos capazes de um pequeno renascimento. Precisamos sair disso convencidos de que a ciência tem que servir para melhorar as relações humana”, disse a cientista.

Descobrimos um mundo de conexões para trabalhar, aprender, conviver e amar. Este é o cenário que se apresenta para o ano que começa agora, esse 2021 ainda mais misterioso que o ano que o precedeu. Mas que vamos enfrentar, ah vamos, porque é o único jeito de seguir adiante. Veja nesta matéria algumas das propostas, orientações ou simplesmente desejos de vários pedro-leopoldenses, vivendo e trabalhando aqui ou que, espalhados por este Brasil afora, torcem para que Pedro Leopoldo se encontre em um futuro melhor. (Bianca Alves)

 

O que podemos esperar para Pedro Leopoldo em 2021?

Por Matheus Utsch

Como ainda não temos informações sobre o secretariado e planejamento da próxima administração, vou supor e propor alternativas para que a cidade avance, aqui é uma mistura de cidadão apaixonado com político que quer mudar.

1 – Precisamos de um Plano contra a Pandemia e, para isto, é necessário divulgar com clareza o que será feito do novo hospital adquirido que de hospital não tem ainda nada. Não se sabe se virará o Centro de Especialidades Médicas (CEM), um centro receptivo do COVID substituindo ou apoiando os ESF ou o PA ou um aglomerado de coisas sem muito planejamento. Espero de verdade por este resultado, já que a compra, ou permuta, que é uma compra sem desembolso, custou mais de 6 milhões de dinheiro público.

2 – Passada a questão da pandemia, temos que focar e com muita urgência na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, vejam bem, temos hoje uma gerência de Indústria e Comércio que não funciona como deveria e falamos de outra plataforma, outra estrutura e outro perfil. Precisamos convencer um executivo acostumado com negociações a aceitar o desafio de ser o secretário e pegar a mala em busca de novas parcerias, as oportunidades estão ai como a empresa disposta a investir 3,5 bilhões na região para a produção de baterias de lítio. Assim como ela, nos cabe bater na porta de várias delas espalhadas pelo mundo e nos oferecer como ponto de oportunidade não só pela proximidade com o aeroporto industrial, como também pela estrutura que inclui a Fundação Pedro Leopoldo na capacitação do que precisarem e também da estrutura de empresas terceiras que podem suprir toda a cadeia.

Um aeroporto industrial é a certeza de competir com o mundo, tanto faz para uma empresa que produz bens de alto valor agregado estar aqui, em Zurique ou no Himalaia, o modal aeroviário acaba com estas barreiras e precisamos ser muito capacitados para poder competir – acabou a era do cimento que anda 300 km com competitividade, agora os produtos viajam o mundo.

3 – Mobilidade e arborização, precisamos de uma cidade bonita e móvel, que hoje é cinza em suas principais ruas e feita somente para carros. Sim, uma cidade de fato verde, com canteiros modernos que podem ser copiados do Sul de Minas, não precisa ir longe, ciclovias entre bairros e na principal, investimento pesado na abertura de vias como outra de acesso à região norte. Até existia o projeto que pegava do depósito de Branquinho ao lado da Loguiminas e saia atrás do Posto 1000, não sei se pode ser restabelecido, enfim, há de se criar alternativas e pensar fora da caixa – ainda não me entra na cabeça terem asfaltado a estrada para Vera Cruz sem uma ciclovia e/ou via de acesso para corridas e caminhadas.

4 – Entendermos que nossa paixão pela cidade vai além do sentimento, passa pela ação, e falo da população na cobrança séria e sem paixão por uma Câmara independente e disposta a ajudar a cidade, seja na cobrança ou sugestões e um executivo moderno e principalmente transparente, preparado para ser o polo de investimentos de tecnologia ao lado do maior aeroporto industrial do país.

2021 pode ser um ano chave para nossa virada econômica ou um desespero misturado com ansiedade ao vermos o atraso por questões políticas. Temos que ter secretarias modernas, visão sistêmica, um olhar social coletivo, que insira as crianças em escolas integrais de qualidade, as mães e pais em capacitação e o suporte estrutural como psicólogos nos ESF’s.

Não cabe guerra política, é a oportunidade de o tradicional mostrar que pode se renovar ou se será preciso construir um futuro diferente para a cidade avançar. Eu torço pela primeira, é menos doloroso e não temos tempo de esperar a catástrofe que seria ver o bonde passar.

 

A chegada da Heineken nos enche de esperança

Por Emiliano Braga

2020 deixou um legado traumatizante com a Covid-19, cujas soluções vão muito além da chegada da vacina. Mais do que nunca, será necessária uma parceria real e decidida entre União, estados e municípios para enfrentar a crise sanitária e, ao mesmo tempo, criar novos caminhos para o país, que amarga uma multidão de 14 milhões de pessoas não só fora do mercado de trabalho, como também do mercado de consumo, o que se reflete diretamente na retomada da economia brasileira.

Em nossa região, a chegada da Heineken nos enche de esperança. Afinal, ela não virá sozinha: são muitas as oportunidades batendo às nossas portas, na esteira da famosa cervejaria holandesa. Um exemplo vem do Vale do Silício, na Califórnia americana, de onde chega o Colossus Cluster Minas Gerais, um conglomerado de oito empresas decididas a investir US$3,5 Bilhões, precisamente no nosso Aeroporto Industrial, para a produção de baterias de lítio, componentes e pequenos veículos elétricos.

As obras de instalação no aeroporto industrial devem ser iniciadas no segundo semestre de 2021. Já as operações, estão previstas para 2022. A estimativa de conclusão do investimento total é de ser realizado ao longo dos próximos 6 anos.

“A decisão está tomada, já assinamos o acordo de intenção de investimentos e agora as equipes trabalham no avanço do projeto e posterior execução. Iniciaremos em uma área de 46 hectares, mas poderemos chegar a 100 hectares” disse o CEO da ArqBravo Group In, Eduardo Javier Muñoz em matéria no jornal Diário do Comércio.

Estamos na torcida pela confirmação oficial de tais iniciativas, que significam muito para a geração dos empregos que tanto precisamos para aliviar a vida das famílias e alavancar a economia da região. Ao mesmo tempo, temos que nos preparar para receber negócios de ponta, qualificando fornecedores e mão de obra. É uma grande tarefa e não nos faltará determinação para cumprí-la.

2021: Quem não virar jacaré, bom sujeito não é

Por Matheus Borges

Aprendi com os meus pais e ao longo da vida que a palavra esperança é um sinônimo de uma coisa boa, que esperamos que se concretize ou venha à acontecer algum dia. No Brasil dos últimos anos é difícil manter as esperanças em um futuro melhor, principalmente porque a nossa realidade não vem ajudando muito, entretanto, uma vida sem esperanças só traz tristeza e amargura, por isso, entre o sonho e a realidade para 2021, fico com aquela que que me traz a perspectiva da felicidade! Fico com a esperança.

Por incrível que pareça, essa expectativa diferente para o ano que se anuncia surgiu de uma frase desastrosa (mais uma), do nosso nada esperançoso presidente da república. Sim, quando Bolsonaro afirmou que era um problema dos brasileiros, “se eles tomassem a vacina contra o coronavírus e virassem jacarés”, bateu no meu peito uma enorme esperança, um sonho, que espero não ser o de uma noite chuvosa de verão do último mês de 2020.

Ao ouvir mais essa fanfarronice do mandatário maior da nação, fiquei aqui em casa, matutando com os meu botões: E se em 2021 todos nós brasileiros resolvêssemos virar jacarés? Todo mundo nas filas, em um exemplo de civilidade – respeitando os protocolos de distanciamento – se vacinando contra o vírus que acabou com as esperanças do mundo em 2020. Seria fantástico!

Mais fantástico ainda se essa opção surgisse de um senso de coletividade de todos os brasileiros.  Do respeito, da empatia e da consideração para com o próximo.  De se colocar no lugar do outro, protegendo aqueles que, por algum motivo, são impedidos de exercer o direito de tomar a vacina. Direito constitucional à saúde e a vida, que, em situações excepcionais – como em uma pandemia –  delimitam o direito individual de ir e vir ou de escolher se vacinar ou não. Que em 2021 fique bastante claro para os brasileiros que a minha ou a sua liberdade individual precisa respeitar as responsabilidades com a coletividade.

Responsabilidade, carinho e consideração para com os menores de 18 anos e com os portadores de doenças autoimunes, que talvez não poderão tomar a vacina. Virar jacaré em 2021 é sinônimo de amor ao próximo, de tolerância e respeito às diferenças. Antes de mais nada, um sonho bom – do fim do discurso de ódio, da agressividade, das mentiras e da comunicação violenta nas redes sociais. Nós, jacarés, seremos um povo que escolherá os livros, a educação e a ciência ao invés das armas.

Virar jacaré é preservar os jacarés – com a não poluição dos nossos rios e com o fim das queimadas e do desmatamento das nossas florestas. É a luta por inclusão e pelos direitos sociais que estão sendo retirados do povo brasileiro. Principalmente é o se indignar com a malversação do dinheiro público sem se deixar manipular. É o fiscalizar com responsabilidade, sem xingamentos, desrespeitos e lacração vazia e violenta em vídeos na internet. É o fim do senso comum com a fundamentação responsável.

Esperança é uma coisa boa, um sonho bom, mas que não pode, justamente, ficar só no sonho. É algo que precisamos trabalhar, lutar e batalhar para que se torne realidade. E se a realidade da nossa cidade e do nosso país não está lá essas coisas, que lutemos para colocar nossos sonhos em prática. Espero, de coração, que tenhamos milhões de crocodilos, alligators, calangos e lagartixas pelas ruas do Brasil, porque, em 2021, quem não virar jacaré, bom sujeito não é! Feliz 2021 a todos, principalmente aos jacarés!

2020: Superação.

2021: Salto Quântico na Felicidade!?

Por Renato Hilário dos Reis

Creio que nem Michel Foucault, um dos únicos filósofos da década de 1960, século XX, que viveu a situação de pessoas em situação de prisão, que nos brinda, com o aclamado “Vigiar e Punir”, poderia levantar a hipótese de que todos os terrores do confinamento individual, com suas depressões, vontade de fuga e de morrer, atingiriam de forma tão global e intensa a humanidade em pleno século XXI, em decorrência da ameaça global de morte, provocado por um vírus, identificado inicialmente na China, o denominado Covid-19.

O instinto de sobreviver diante da ameaça de morte, como expressão de sobrevivência da espécie, levou todos nós a nos separarmos compulsoriamente umas das outras e uns dos outros, de tal maneira que um simples abraço e um aperto de mão, tão comuns e tão indispensáveis à vivência da amorosidade e da afetividade, se tornaram compulsoriamente cancelados.

2020 representa esta espada de Dâmocles, ameaçando com a morte quem se afastasse e quem se afaste do protocolo de cuidados. Mesmo assim, autoridades de muitos países menosprezaram a possibilidade   da morte e minimizaram os cuidados para evitá-la, o que levou em muitos países e provavelmente também o Brasil, ao aumento de contaminados e mortos.

Mas a maioria da população brasileira e mundial escolheu sobreviver e, com isso, a vida vem sendo preservada, embora, no caso do Brasil, pelos descuidados ocorridos, estamos em 2º lugar no mundo de pessoas contaminadas e mortes, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Mas eis que a paciência, a perseverança, a disciplina e competência de pesquisadoras/es do mundo inteiro, embalados por orações em cadeias mundial e muitas vibrações positivas, em menos de 1 ano, encontram uma vacina, que vence e vai vencer a Covid-19. Isto é um grande motivo de celebração em 2020 e durante 2021, à medida que nos vacinamos e nos imunizamos contra o vírus mortal.

Isto mostra a força da evolução da espécie humana, em que as “situações problemas- desafio”, constituem a oportunidade de tornarmo-nos melhores, superando problemas e fazendo avançar a espécie como animal e como humana.

Desenvolvo isto, de uma forma mais profunda, em minha tese de doutorado (UNICAMP), que revisitada tornou-se o livro: “A Constituição do Ser Humano: amor, poder e saber na educação/alfabetização de jovens e adultos. Campinas, Autores Associados, 2011.”

A exercitação da espécie animal em superar seus problemas e os desafios à sua  sobrevivência e existência é que fizeram caminhar  nossas/os ancestrais, que de espécie animal se tornam espécie humana, sobretudo, pelo desenvolvimento do trabalho, não compreendido como mero emprego, mas como produção social da vida, e vida em todos os sentidos.

A ocorrência do vírus é mais uma “situação problema desafio” que a humanidade enfrenta, e com ela, temos uma rara oportunidade de nos constituirmos como espécie, que se torna humana, à medida que supera estas “situações problemas desafios”.

Os cuidados das pessoas em todo o mundo, as pesquisas de uma ciência voltada para a preservação da vida, mostram nossas vitórias e aprendizados em 2020 e sinalizam a possibilidade de, em 2021, desenvolvemos a consciência da necessidade de se amar, amar e ser amado reciprocamente, numa escuta e fala dialógicas, em abraços e apertos de mão, não só  desejados/necessitados, mas, sobretudo, vividos, exercitados.

Isto, vai proporcionar a Pedro Leopoldo,  ao Brasil e nos 5 continentes, um salto quântico de felicidade, como nunca dantes visto.

Esta  minha certeza da felicidade universal vem de minha  fé na evolução permanente da Vida, com seus avanços e recuos, mas sempre avançando na resultante dialética. Vem, também, de minha fé no Ser Humano. De minha fé no Deus-AMOR  e em todas as Deusas e Deuses, que irmãs e irmãos  acreditam, ao longo de todo nosso planeta. Viva 2021!!!!

Por mais respeito à inteligência do cidadão

Por Gabriel Pezzini

Em tempos remotos, os riscos ao homem eram sobretudo imediatos e, portanto, mais fáceis de serem identificados. O indivíduo vivia sob a constante ameaça da fome, dos desastres naturais e da violência física por parte de animais ou de outros seres humanos.

A partir da Revolução Industrial, a modernização, particularmente nos países desenvolvidos, foi bem-sucedida em ampliar o domínio humano sobre a natureza. Perdas na produção agrícola devido a variações meteorológicas ou a pragas foram controladas com o avanço das técnicas de plantio, dos sistemas de irrigação, dos defensivos agrícolas e da capacidade de se prever o tempo. Um grande número de doenças parasitárias foi contido ou erradicado através do saneamento básico e do desenvolvimento de medicamentos e vacinas. O advento da democracia e a crescente interdependência entre as nações, bem como um maior controle dos territórios nacionais por parte dos governos, reduziram o risco de conflitos armados.

A cada vez maior exploração de recursos naturais e a complexidade ascendente das relações humanas, contudo, trouxeram à sociedade novos desafios. O uso intenso de combustíveis fósseis tem liberado na atmosfera um estoque de gás carbônico que a Natureza demorou dezenas de milhões de anos para depositar no fundo das bacias sedimentares, o que provoca a intensificação do efeito-estufa e o aumento da temperatura média ao redor do globo.

O aumento da população mundial impingiu o ser humano a disputar espaço com outras espécies animais que podem ser reservatórios de patógenos, e o crescimento do volume de viagens internacionais facilitou o estabelecimento de uma pandemia que, se por um lado não é tão mortífera quanto o ebola ou a peste bubônica, por outro, se ignorada, se dissemina com extrema facilidade e tem a capacidade de sobrecarregar a rede hospitalar por semanas a fio, levando ao aumento de mortes por falta de atendimento.

A grande diferença das novas ameaças para as antigas é que as últimas podiam ser identificadas por constatação, enquanto que as primeiras requerem mais informação e bastante esforço cognitivo para serem reconhecidas e combatidas. Estar sozinho numa savana sendo encarado por uma manada de leões ou ficar sem se alimentar durante quinze dias são riscos de vida prontamente identificados pelo cérebro.

As consequências da devastação ambiental ou o impacto de uma crise econômica internacional não acendem um sinal de alerta automaticamente na nossa mente: devemos estar bem informados e cientes das cadeias de causa e efeito que podem ser desencadeadas pelos perigos da modernidade.

O indivíduo, contudo, nem sempre está disposto a refletir por tempo mais longo e a estudar mais a respeito daquilo que recebe da escola ou dos meios de comunicação. Deficiências do sistema educacional, o cansaço provocado pelas longas jornadas de trabalho e a competição entre as diferentes fontes de informação, que privilegiam a velocidade de comunicação ao aprofundamento nos temas, podem levar o cidadão a não compreender os dilemas impostos por uma realidade cada vez mais intrincada do ponto de vista cognitivo.

É nesse cenário que entram em cena políticos oportunistas, que, para cada problema complexo, propõem soluções simples que ou são muito rasas, na melhor das hipóteses, ou são completamente equivocadas, na pior delas. É extremamente simples justificar uma política ambiental permissiva ao desmatamento apelando para a necessidade da população local de se sustentar, ao mesmo tempo em que é bastante complicado discutir os impactos futuros do desflorestamento sobre o clima mundial, as bacias hidrográficas protegidas pela mata e o volume de chuvas tanto na área da própria floresta quanto em regiões adjacentes.

É fácil defender o protecionismo, com altas tarifas de importação, para impedir que empregos se desloquem para outros países, ao passo em que é difícil convencer o eleitor de que isso levará ao encarecimento do produto em questão, fazendo o consumidor gastar menos dinheiro com outros bens e provocando a destruição dispersa de vagas de trabalho em outros ramos da economia, de modo que o resultado da conta pode ser negativo. É cativante prometer a liberdade individual quanto à prevenção de aglomerações, ao uso de máscaras e à opção pela vacinação, enquanto é indigesto defender a obrigatoriedade de certas medidas em função do impacto que o comportamento individual pode ter sobre a saúde do próximo.

A solução definitiva para o problema passa, evidentemente, por uma melhoria da educação pública e pela disseminação de fontes de informação de boa qualidade, com maior responsabilização dos meios de comunicação. A ordem democrática, no entanto, não pode esperar, tamanha a pressão imposta pela realidade sobre o sistema. A classe política num país emergente como o nosso tem o duplo desafio de lidar, de um lado, com ameaças existenciais do tipo “imediatista” que já deveriam ter sido erradicadas no Brasil, como a criminalidade elevada, a pobreza extrema e a falta de saneamento básico; e, do outro, com questões cognitivamente complexas, como o avanço de enfermidades relacionadas ao estilo de vida, a degradação do meio ambiente, a possibilidade de novas pandemias e as instabilidades econômicas que podem advir de qualquer ponto do globo, tamanho o grau de interdependência dos mercados mundiais.

Seria salutar, desse modo, que políticos moderados e corajosos passassem a desafiar as narrativas simplistas de seus colegas populistas. É preciso denunciar publicamente, em linguagem acessível, o profundo preconceito intelectual embutido em qualquer discurso demagógico: propor soluções simples e inexequíveis para problemas difíceis, ou negar a existência dos mesmos, implica em desinformar o cidadão mediano e em desrespeitar sua inteligência. Todo grande líder sabe da importância de cultivar expectativas elevadas em relação a seus liderados. Com os insumos e o choque de autoestima necessários, o representante pode levar os representados a refletir com maior profundidade sobre as questões políticas prementes do mundo moderno.

Projetar uma visão imbecilizada do povo significa desumanizá-lo ao negar-lhe a racionalidade, base da grande premissa justificadora da própria democracia liberal: a ideia de que os postulantes ao poder devem debater entre si, sendo o eleitor livre para deliberar, a partir de sua própria consciência, sobre qual dos candidatos oferece as melhores soluções para os problemas de ordem coletiva que a sociedade enfrenta no dia-a-dia.

Um ano para trabalhar muito… e acreditar que tudo pode ser melhor

Por Evandro Romanelli

Em 2021, uma coisa é certa: teremos que trabalhar muito mais para compensar as perdas de 2020. Um dos principais desafios é trabalhar com eficiência e nunca deixar de acreditar. A Romanelli Construções jamais deixou de investir em Pedro Leopoldo. Em 2020, mesmo com todas as dificuldades que vieram com a pandemia, iniciamos a construção de um prédio de alto nível, o Campoformido, na esquina das ruas São Sebastião com Benedito Valadares, Um ponto espetacular, a dois quarteirões da igreja matriz e de escolas, supermercados, padarias e serviços diversos.

Na linha “espaço de casa com segurança de apartamento”, estamos construindo 16 apartamentos de 107 a 250 metros quadrados, com espaço gourmet, churrasqueira e outros equipamentos que, hoje em dia, não podem faltar neste tipo de empreendimento. O edifício recebeu esse nome como uma referência à origem da nossa família: Campoformido é uma cidade italiana da Udine, onde nasceram nossos avós.

Assim como Pedro Leopoldo é a cidade em que nascemos, onde formamos família e criamos uma empresa que cresce junto com ela. O ano de 2020 foi difícil, mas guardou para o finalzinho uma grande notícia para a nossa cidade: a implantação da nova fábrica da Heineken. É um novo ciclo econômico e industrial que, acreditamos, trará com ele melhores condições de vida e mais prosperidade para os nosso povo.

Que saibamos caminhar no ano que vem, rompendo cercas….

Por Márcio Euzébio Barbosa

É difícil escrever uma mensagem de otimismo quando já se tem uma certa idade e já se deu adeus às utopias. Mas sempre é possível tentar e é por isso que, no próximo ano, depois de uma pandemia e de uma “panterapia em grupos isolados” a que fomos submetidos, saibamos caminhar, rompendo cercas em direção a um sol que nos leve a um lugar comum que o bem estar de todos. Nele está incluído o respeito ao próximo e, se possível o amor. Que ele seja a simplificação de todas as leis, deixando o necessário como norma.

Um movimento que quer discutir uma cidade sustentável

Pela Frente Socioambiental de Pedro Leopoldo

Nas cercanias da Cachoeira do Urubu

Frente sociambiental de PL MG nasceu do anseio de conscientizar políticos locais de que o desenvolvimento sustentável é construído coletivamente. É sabido que a luta é contra um sistema muito bem articulado em que o poder político medieval sustentado por uma economia de acumulação de riquezas egoístas ainda predomina. Então a luta é grande.

A mudança é um processo, com a Frente Socioambiental PL/MG formada por uma sociedade civil cada vez mais fortalecida, pelo qual se almeja chegar um dia numa política participativa, democrática, numa cidade que pensa pra agir, que faz escolhas sustentáveis que se conciliem com o desenvolvimento e assim se planeja crescer com bases. Uma sociedade onde os empresários não sejam inimigos dos ambientalistas, mas parceiros na construção desse espaço de todos.

As conquistas da Frente Socioambiental PL/MG nascem em 2020, um ano atípico para a humanidade e vêm pra chamar as pessoas a participar, a tomar conhecimento das forças que uma sociedade civil organizada pode ter.

A luta só começou. Agora mais que fazer enfrentamentos, a Frente quer ser propositiva e expor as necessidades da cidade.

Que cidade se quer construir para o futuro?

Que saneamento básico queremos ter?

Que propostas de revitalização existem para os recursos hídricos no município?

Que investimentos existem para uma educação ambiental consistente?

Que legislações serão criadas para implantação de uma coleta seletiva fortalecida?

Como serão valorizadas as riquezas históricas, paleontológicas, espeleológicas da região do Carste?

Como serão tratadas as fragilidades e valorizadas as potencialidades dessa região?

Até quando os parques municipais existirão só no papel?

Quais perspectivas tem a juventude na nossa cidade?

Essas questões serão fortalecidas com a participação das pessoas que se agregarāo à Frente.  É preciso ocupar os espaços e plantar boas ideias. Temos muito a fazer e exigir daqueles a quem foi dado o poder democrático de gerir a cidade. Dialogar e buscar conhecer propostas, planos, e mostrar que eles devem servir à coletividade. Aplaudir o que for de aplaudir e repudiar o que for de repudiar.

Nessas perspectivas, a Frente Socioambiental PL/MG deseja a todos no ano de 2021 muito diálogo, muita interação, participação e construção coletiva.

2021: Vamos nos preparar para ele? Qual a parte que nos cabe?

Por Georgina Vieira

Em 2021, quem sabe, além dos votos, a gente não se proponha a ter ações concretas? Ações objetivas todos temos de adotar: a autoproteção e a preservação do outro nestes tristes tempos de uma pandemia que até hoje nos causa perplexidade. Cuidar do nosso corpo, da nossa saúde, ao tempo em que nos privamos de abraçar familiares e amigos. Teremos ainda um longo tempo para voltar a ter uma vida normal, se é que, de fato, a teremos.  As prometidas vacinas demorarão a atingir toda a população e até lá as máscaras, a higiene constante das mãos, o álcool em gel serão nossos companheiros de todas as horas.

Há ainda os aspectos subjetivos e igualmente graves: o isolamento social está levando à ansiedade, à depressão, ao questionamento de quem nós somos, dos nossos relacionamentos. A dependência da internet e seus derivados causa profundos incômodos. Quem está em homeoffice – ou teletrabalho – fica permanentemente em reunião virtual, restando pouco tempo para o trabalho efetivo, o que faz com que as noites, finais de semana ou fuso horário sejam desconsiderados. Então é preciso algumas medidas de autopreservação: delimitar o horário de trabalho, os horários de consultas ao whatsapp, menos autoexposição e lives, mais leituras e meditação.

Mas, o que temos a fazer por Pedro Leopoldo? Descobri, recentemente, que não conhecemos a nossa cidade em profundidade. Não conhecemos a sua história antes de se tornar município. Não sabemos de escritores famosos cujos antecedentes estão no povoado (quilombola) do Pimentel. Desconhecemos nosso potencial turístico. Perdemos nossas fábricas. Mas talvez tenhamos o maior índice de mestres e doutores por número de habitantes. E onde eles estão? O que poderiam fazer a mais pela cidade que nos deu régua e compasso? Estaria na hora de pensar em um Centro de Cultura atraente?

A nossa Luzia, praticamente destruída pelo incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, descoberta na Lapa Vermelha: Só tinha ela? Nenhum outro par que lá vivesse? E as nossas grutas que abrigaram concertos e visitas? O parque do Sumidouro? Onde estão arquivadas as nossas memórias históricas? Nos arquivos de cada instituição? Na cabeça e na casa de abnegados, como o Geraldo Leão? No site do Aqui PL? E a Cachoeira das Três Moças? Ainda existe? Pode ser visitada? Precisa de recuperação?

A cidade é nova, mas a região é antiga. A Luzia é de 11 mil anos atrás. Não podemos deixar nosso passado e as nossas riquezas materiais e imateriais de lado. Mas … temos de nos preparar para o futuro imediato. Uma fábrica da Heineken vai se instalar em Pedro Leopoldo, gerando de 300 a 350 empregos. Estamos qualificados para preencher todas essas vagas? Esse desafio deveríamos encarar já, por meio de:

  • Estudar o segmento de “cervejaria”: que cargos e funções requer? Como formar rapidamente tais cargos e funções? Trazer mestres-cervejeiros ou gerentes de produção para facilitar a aprendizagem de nossos conterrâneos?
  • Estimular Iniciativas públicas ou privadas a oferecer programas de inclusão digital, imediatamente. Sem saber navegar pela internet ou dominar alguns programas, não teremos mão de obra a oferecer, uma vez que tais fábricas são todas automatizadas.
  • Estudar a cadeia de valor desse segmento: que outros negócios atraem? A cervejaria já padronizou todos os seus fornecedores? Milho, trigo, arroz, lúpulo? Se não, é possível estabelecer uma parceria dos agricultores com os investidores?
  • Introduzir disciplinas relacionadas ao processo produtivo ou de gestão do segmento “cervejaria” no Senai, Sebrae, Escolas Técnicas?

Acabou-se o tempo em que predominava a ideia de absoluta oposição entre capital e trabalho. Teremos saudades desse tempo. Os cenaristas do futuro (Harari, dentre eles) nos dizem que em breve seremos apenas duas classes: os úteis e os inúteis. Por mais duras que sejam essas previsões, já as estamos vendo acontecer: as compras pela internet eliminaram comércios de rua, vendedores, representantes comerciais, necessidade de imóveis e outros. Claro, abriram novos empregos, mas não na mesma proporção.

A China destruiu nossa indústria siderúrgica, que era uma das mais prósperas do mundo. Compramos, sem questionar, produtos que destroem nossos empregos. Quem sabe devamos olhar a etiqueta de onde o produto foi feito? Por isso, precisamos – investidores, empresas e profissionais de todos os níveis –  pensar em uma economia colaborativa. Em que uns e outros se responsabilizam pelo seu papel, pelo respeito à natureza, pela absorção de mão-de-obra local, pela geração de renda e imposto para a cidade.

Chega de perdermos fábricas e empregos. Não podemos nos contentar em abrir o nosso solo para as indústrias de cimento e cal e depois dizermos adeus a elas, sem choro nem vela. Vamos abrir sim a nossa disposição em fazer um município melhor, um estado melhor, um país melhor. Preservando, no entanto, o que temos de mais precioso: a nossa humanidade. Feliz e pragmático 2021.

E lá vamos nós, de novo.

Por André Santos

Mais do que responder ao questionamento escandalosamente repetido da cantora Simone, aquela coisa sobre então é natal e o que você fez, cá estamos num momento de decidir mesmo é o que a gente vai fazer. Opções? Num primeiro momento, nos orienta Ney Matogrosso: se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come. Estamos diante da maior crise política, sanitária e institucional desse país, com reflexos diários e imediatos aqui, nesse idílico pedacinho de chão em que moramos.

Nesse instante, meus caros, estamos muito longe de poder entoar Dom e Ravel, porque arrisca sair um “eu te amo, meu Brasil” e ele responder “não dou bola pra isso”. Com a economia espinafrada nos mais variados níveis, e a saúde correndo o seríssimo risco da Covid-19, nosso cantinho do paraíso está ainda mais fragilizado. Desempregados aos montes, saúde por um fio.

E no meio de tudo isso, o advento de uma nova administração municipal, com a volta de Eloísa e – surpreendendo um total de zero pessoas – Tadeu. Também chega uma renovação bastante interessante de 70% da Câmara de Vereadores. Como pretendem eles, nossos novos administradores, lidar com essa realidade distópica em que viemos parar? Como se comportará a nova Câmara, depois do claro recado das urnas, pedindo mudança de nomes e posturas?

Eu gostaria de responder tais perguntas nessa missiva, meus amigos, mas o que me resta nesse momento é compartilhar da expectativa geral de que nesse momento tão peculiar de nossas vidas, a expressão “ano novo” seja aplicada com enorme e vigorosa verdade! Que venham novos tempos, que venha a fábrica de cerveja gerar empregos diretos e indiretos, que venham outras, que nossos jovens recebam oportunidades de capacitação para os novos e possíveis empregos e empreendimentos, que as vozes do fundo das cavernas voltem lá pro fundo e fiquem lá, entre pernilongos e ostracismo, que acabe de vez a negação da ciência e que ela promova saúde para todos.

Que possamos superar esse momento em que o obscurantismo e os tiozões do pavê estão se proliferando como moscas (e pensando na mesma sintonia que elas). Eu diria mesmo que o maior dos desafios é conciliar tudo isso e ainda construir uma consciência de comunidade. Não existe nenhum conjunto de fatores e causas na história da humanidade que tenha conseguido melhores resultados do que a certeza, a disposição e a vontade de fazer parte de uma comunidade, e construir coletivamente. É comunhão, o item que nos falta nesse momento, e o grande desafio é reencontrar dentro de cada um de nós a conexão com o outro, com o próximo, “como a ti mesmo”.

 

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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