Um sonhador, sobretudo. Assim se define Daniel Francisco da Silva, um virginiano de 49 anos que nasceu em Belo Horizonte mas, aos nove anos, veio com a família para cá. Cria do Grupo São José e do Colégio Imaculada, viu nos estudos o caminho para sua autonomia e evolução. Com esforço e determinação, fez o curso de Direito e hoje é advogado público estadual, além de formado em Filosofia, com Licenciatura, pela UFMG. Casado com a professora Aline Alexsandra, tem duas filhas.
Foi um caminho permeado de lutas e que começou muito cedo: trabalhou em loja eletrônica, oficina mecânica, fábrica de blocos, construção civil e em estabelecimentos emblemáticos da cidade como o Bar Central, o Vagão e a Academia Energia. Antes de fazer concurso para o Estado, trabalhou por nove anos no Fórum de Pedro Leopoldo.
Neste domingo, 13/09, Daniel foi escolhido em convenção pelo Partido dos Trabalhadores como candidato à prefeitura de Pedro Leopoldo. Seu vice-prefeito será o jovem advogado Kelsen Ribeiro, do PSOL. “O PT faz parte de minha formação política”, conta o candidato. Quando fazia o Curso Técnico de Química, por volta dos 16 anos, ele conheceu professores como Lindemberg, Dehon, Ricardo e Sálvio, que falavam em coisas diferentes, como cultura, política, alimentação saudável e dos quais ele imediatamente gostou.
“O professor Sálvio é quem conseguiu uma ficha de filiação. Sempre gostei de política, atuei no Grêmio Estudantil do Imaculada, no Diretório Acadêmico de Faculdade de Direito, fui sindicalizado quando era funcionário do Fórum e quando tornei-me advogado público, atuei como presidente estadual e diretor nacional de associação de classe”, conta Daniel. Para ele, a política é o local privilegiado do exercício de amor ao próximo, pois através dela se pode melhorar efetivamente a vida das pessoas mais vulneráveis socialmente. “Política é amor ao próximo concretamente”, define.
Daniel acredita que esta concepção está no cerne do PT. “É o maior partido de esquerda da América Latina e aqui em Pedro Leopoldo existimos desde 84; elegemos vereadores e chegamos à presidência da Câmara com o inesquecível Elvécio Bastos”, historia o candidato. “Mas a nossa história nunca foi fácil e, nesses tempos de neoliberalismo, autoritarismo e desmonte do Estado Brasileiro, o cenário nos exige mais coragem e perseverança”, complementa.
Aqui em Pedro Leopoldo, diz ele, o partido está em fase de renovação de seus quadros. “Temos uma juventude militante de dar gosto, aliada à experiência dos mais velhos”, aponta citando nomes ilustres como o de Roberto das Graças Alves (“mentor e inspirador de muitos”); Wilson Sales e Geraldo Aguiar (“sindicalistas históricos”); Sálvio Pires (“educador de gerações e exemplo de coragem”); Vânia Beatriz, Márcia Lobato, Irene Couto, Professora Mirinha. “Mas sem dúvida há muito que ser feito em formação política, de modo especial na periferia da cidade’, observa.
Daniel quer ser prefeito de uma cidade que conhece como poucos de seus moradores. Morou no Centro, na rua Otoni Alves; nos “apartamentos” do Conjunto Amélia Torres, em Dr. Lund, próximo à Exposição e muitos anos no Andyara, para onde se mudou quando não havia água encanada ou luz elétrica e onde reside sua mãe, Raymunda.
É um crítico cuidadoso das administrações passadas. “A Administração Pública Municipal sempre foi marcada por autoritarismos e por ineficiência. Temos que mudar isto de forma radical para implementarmos uma administração mais democrática”, afirma o candidato petista que, no entanto, destaca algumas ações importantes de prefeitos anteriores, como a criação do CEPPEL, do Hospital Municipal, do PSF (Programa de Saúde da Família) e das creches.
Para ele, no entanto, as coisas acontecem ou passam pela cidade com pouca ação deliberada do Poder Público. “É uma cidade apaixonante, apesar das péssimas administrações que teve”, diz Daniel. Justamente por isso, para ele falta muita coisa na cidade: escola pública de qualidade em tempo integral e a implementação completa do SUS, com a confecção de cartão de saúde para todos os pedroleopoldenses são exemplos de ações que, há muito, já deveriam fazer parte do cotidiano da administração pública. Assim como transporte público multimodal de qualidade e com interligação e políticas que incentivem o empreendedorismo e a geração de empregos na cidade.
Ele sente falta também de mais vida cultural: teatro, centros culturais de Chico Xavier, do Quilombo de Pimentel; aulas de dança, pintura, artesanato. “Se não houver renovação ou se mantiver um jeito atrasado de governar, a cidade de Pedro Leopoldo terá muitas dificuldades. Para enfrentar os problemas que teremos no pós-pandemia, precisamos de uma administração moderna, democrática e plural, que ouça o povo”, aponta o candidato petista.
Ele adianta que a campanha será verdadeira e modesta, já que os recursos são poucos e o tempo exíguo. “Temos a força da militância do PT e os simpatizantes, além das redes sociais que serão decisivas”, acredita Daniel. “Os nomes que se apresentam parecem ser de pessoas do bem e até agora não conheço em detalhes suas reais intenções. Não faremos campanha de enfrentamento; temos propostas para Pedro Leopoldo”, completa.