As notícias sobre a saída da LafargeHolcim do Brasil sacudiram a cidade. Não é pra menos: depois de perder a Cauê, neste momento com suas atividades paralisadas, Pedro Leopoldo não sabe o que será da fábrica do grupo aqui localizada, operando desde 1973. Ela está num pacote colocado à venda na semana passada pela empresa franco-suiça, a maior do mundo no setor de cimento. Juntas, as duas empresas – Cauê e Holcim – já empregaram em outros tempos mais de dois mil pedroleopoldenses, sem contar as vagas geradas em fornecedores. Hoje, calcula-se que ambas ocupem pouco mais de cem pessoas, mas ainda respondem por parte expressiva da arrecadação e atividades correlatas.
Ninguém sabe o que vem por aí. A fábrica de Matozinhos, também da LafargeHolcim, foi adquirida há dois anos pela pernambucana Brennand, em parceria com o grupo italiano Buzzi Unicem. Será que algum gigante do cimento se interessará pelo negócio, que inclui, além da unidade de Pedro Leopoldo, também a fábrica mais moderna do grupo no país, a de Barroso? O negócio tem alguns entraves, já que o Cade, que regula o “tamanho” das empresas de setores essenciais, dificilmente aprovaria que algum grupo já instalado, como Votorantim ou Camargo Correa, aumentasse seus ativos, monopolizando o setor. Já se fala em grupos gregos e italianos interessados no negócio que, no entanto, deve demorar para ser definido.
E como os políticos veem o futuro de Pedro Leopoldo, diante da perda de sua principal atividade econômica? Ouvida pelo site AQUI PL, a prefeita Eloísa Helena (MDB) disse que “torce para que haja o menor prejuízo possível para os trabalhadores da empresa”, ao mesmo tempo em que espera o início das operações da Heineken e a consequente geração de empregos em nossa cidade.
O empresário Emiliano Braga, que concorreu às eleições municipais de 2020 pelo Patriota, acredita que “do limão, pode se fazer uma limonada”. Afinal, diz ele, a LafargeHolcim fala em vender suas operações no Brasil, não em paralisar. “Acredito que, pelo atual momento do mercado de cimento no Brasil e a localização estratégica de nosso município, não haverá dificuldades para encontrar um comprador que esteja disposto a comprar a fábrica. E, melhor que isso, ter uma visão de futuro para o Brasil e para Pedro Leopoldo, como o antigo Grupo Holderbank tinha”, avalia Braga, referindo-se aos tempos em que a empresa exercia um efetivo papel econômico e social na cidade.
Já o advogado Daniel Francisco, que concorreu pelo PT, está apreensivo com os riscos aos trabalhadores diante do fim das atividades da empresa no município. “Além da possibilidade de afetar enormemente a economia da cidade com efeito cascata em outros negócios”, diz Daniel, para quem é necessário pressionar a empresa tanto pela manutenção das atividades econômicas quanto pela reparação ao meio ambiente. “Tudo isto mostra que a cidade de Pedro Leopoldo deve pensar novos vetores de crescimento econômico, como o turismo e a tecnologia avançada, aproveitando nossas vantagens logísticas, como a proximidade de grandes vias e do aeroporto internacional”, finaliza.
Procurado pelo site, a assessoria do ex-prefeito Cristiano Marião não quis se manifestar.