Precisamos falar sobre violência contra a mulher

Precisamos falar sobre violência contra a mulher

Artigo de Marina Mesquita *

O caso ocorrido na cidade de Pedro Leopoldo, em 8 de fevereiro, durante as festividades locais conhecidas como “Boi da Manta”, no qual uma mulher foi detida de forma truculenta, desproporcional e agressiva por alguns policiais militares, reacende o debate sobre violência de gênero e violência contra a mulher.

É importante destacar que a Constituição Federal de 1988 proíbe penas degradantes e cruéis. Portanto, a sociedade não deve justificar determinadas ações inconstitucionais como algo comum ou normal.

Não é normal, ainda que possa ser frequente. O fato de uma mulher ser agredida por vários homens, sem possibilidade de defesa — homens esses que representam o Estado e têm o dever de garantir a segurança e proteção de todos os cidadãos — torna a situação ainda mais grave.

No que diz respeito à violência contra a mulher, a partir da Constituição de 1988, as mulheres foram reconhecidas como sujeitas de direitos, iguais aos homens em direitos e deveres, e não mais submissas a eles. Entretanto, na prática, essa igualdade ainda está longe de ser alcançada.

Desde a infância, interagimos com a sociedade a partir de regras, valores e comportamentos que nos são ensinados e que, muitas vezes, parecem naturais. A subordinação feminina ao sexo masculino foi historicamente construída e acabou se impondo como uma verdade inquestionável.

As práticas sociais e a mentalidade predominante ao longo da história buscaram justificar ou naturalizar a desigualdade e a violência contra a mulher, contribuindo para sua inferiorização.

Apesar dos avanços conquistados, ainda há muito a ser feito. As mulheres continuam travando uma verdadeira luta por dignidade, igualdade salarial, acesso a oportunidades de emprego e maior representatividade na política, além de enfrentarem diversas formas de injustiça diariamente.

As diferenças biológicas entre homens e mulheres existem, mas foram transformadas em grandes desigualdades sociais. Essas desigualdades se concretizam diariamente em diversas formas de violência.

A violência contra a mulher constitui uma das principais formas de violação dos direitos humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade física.

De acordo com dados recentes do Índice de Gênero dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, divulgados pela Equal Measures 2030, o planeta Terra só atingirá a igualdade de gênero em 2121, com possibilidade de alguma mudança cultural. Além disso, a pesquisa aponta que nenhum país alcançará a equidade entre homens e mulheres até 2030, conforme pactuado pela ONU.

No Brasil, ocupamos a 64ª posição entre 139 países, sendo classificado como “muito ruim” em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 5) da ONU, que promovem a igualdade de gênero.

Apesar disso, as legislações brasileiras têm avançado. Destaca-se a Lei 14.994/2024, que trouxe mudanças significativas, como o reconhecimento do crime de feminicídio como autônomo, com pena de 20 a 40 anos de prisão, além de agravantes em casos de violência durante a gestação ou nos meses pós-parto. A lei também endureceu penas para crimes como lesão corporal e ameaça contra mulheres.

O combate à violência contra as mulheres é um caminho longo, com muitos obstáculos a serem vencidos, sendo o principal deles os padrões culturais que cercam a figura da mulher no contexto social. No entanto, o estabelecimento e o cumprimento de normas penais que garantam a punição e a responsabilização dos agressores, assim como a implementação de políticas públicas efetivas de prevenção, são essenciais para a proteção das mulheres.

Além disso, é fundamental investir em educação para promover mudanças reais nos valores sociais. Precisamos educar para respeitar as diferenças!

*Marina Mesquita Teixeira Costa é advogada há quase 20 anos, sócia do Escritório Oliveira e Mesquita e mentora em Desenvolvimento Pessoal, auxiliando mulheres a ressignificarem traumas e descobrirem sua força interior. Acompanhe seu trabalho no Instagram: @marinamesquita_adv

 

Redação

ARTIGOS RELACIONADOS

É sempre importante lutar pelo meio ambiente

É sempre importante lutar pelo meio ambiente

Um artigo de Eliane Matilde É sempre atual a discussão pautada no meio ambiente. Sempre se faz importante refletir e agir no tempo circular, como entendem os indígenas, nossos mestres

LEIA MAIS
Conferência da pessoa idosa reúne público expressivo na Escola São José

Conferência da pessoa idosa reúne público expressivo na Escola São José

No último sábado, 31/5, a Escola Estadual São José foi palco da 3ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, com o tema: “Envelhecimento Multicultural e Democracia: Urgência por Equidade,

LEIA MAIS