
Antonio Alves Ferreira da Silva foi o primeiro empreendedor de Pedro Leopoldo, síntese do que a definição de empreendedorismo carrega de ousadia, inovação e visão de futuro. Somados à sua determinação pessoal, tais atributos o fizeram enxergar o potencial da cachoeira das Três Moças para a geração de energia em uma tecelagem, viabilizaram a construção da fábrica e, consequentemente, criaram a necessidade de uma parada do trem, fundamental para o transporte de matéria prima e produção. Tudo isso fez nascer uma cidade.
“Pedro Leopoldo fica então inserida no contexto mineiro das indústrias de tecido: indústrias que nasceram do capital oriundo da agricultura e da pecuária, como era o caso do sr. Antonio Alves Ferreira da Silva, fazendeiro que fora proprietário de escravos”, explica a historiadora Angélica Breunig. Tudo começou por volta de 1890, quando o empreendedor veio à região visitar uma irmã, Angelica, na Fazenda Quilombo, em Pindaíbas, região de Vera Cruz.

Pego por uma chuva, procurou abrigo em uma fazenda próxima a uma cachoeira, conhecida como Cachoeira das Três Moças, porque lá moravam de favor Ana, Justina e Venância Moreira da Silva, filhas do antigo proprietário, que perdera a terra em um jogo de pôquer. Antonio Alves viu que ela geraria mais energia que a Cachoeira dos Macacos, perto de sua fazenda em Pará de Minas, que movia uma tecelagem já instalada. E acabou por adquirir parte da propriedade de seus “sortudos” proprietários.
Em 1893, ele se vale de mais uma de suas qualidades empreendedoras – a capacidade de mobilizar associados – para agregar ao projeto fazendeiros da região, o que viabiliza o início das obras da fábrica, inaugurada dois anos depois com todas as pompas. Um empreendimento que inaugurou a primeira revolução industrial da localidade e viabilizou seu crescimento e emancipação, que veio a se dar quase 30 anos depois, em 1924. (Do livro “Cem anos de Pedro Leopoldo”)