Pedro Leopoldo está completando 100 anos e, por razões óbvias, tenho me debruçado sobre sua história, na qual minha família teve um papel pioneiro e destacado. A foto acima mostra meu bisavô Otoni Alves, com a mulher Elisa e sua imensa prole – o segundo, da esquerda para a direita, é meu avô Nini. Por isso, meu pai era conhecido como João de Nini.
Otoni era filho de Antonio Alves, fundador da fábrica de Tecidos Cachoeira Grande. Era um moço estudado: interno no Caraça, ia ser padre, mas o pai enxergou sua flagrante falta de vocação e decidiu negociar um casamento pra ele. Encontrou a candidata ideal em Pitangui, na pessoa da minha bisavó Elisa que, naquele final do século XIX, conduzia sozinha a fazenda de seu falecido pai.
“Eu soube que a senhora é muito decidida e o Otoni é muito estourado. Então, eu espero que a senhora eduque ele”, teria dito Antonio Alves. Elisa, vovó Elisa da Ponte, é o protótipo daquela grande mulher que até então se escondia por trás de grandes homens. Enquanto ela cuidava da casa e dos 12 filhos (além de criar um 13º, nascido antes do casamento e que morreu jovem), Otoni foi advogado, delegado, juiz e chefe político à frente do grupo que lutou pela emancipação de Pedro Leopoldo.
Era também empresário, fabricante de manteiga e fubá mimoso, entre outros produtos para consumo da recém-nascida capital Belo Horizonte. Construiu um cinema, o Cine Otoni, numa cidade que não tinha mais que três ruas, transformadas em puro barro a qualquer chuvinha.
Também instalou um rinque de patinação, imaginem, e doou os terrenos para o hospital e para o cemitério, entre outras realizações, que estão aí até hoje. Otoni virou nome de rua em Pedro Leopoldo e Elisa é o nome da minha filha e da minha neta.
PS – Encontrei estas informações no depoimento da tia-avó Elsa (na foto, ela é bebê que está nos braços de Elisa), publicado no TCC de um moço chamado Bruno Lopes, em sua graduação em Design pela UEMG, e do qual gostaria de ter mais informações.