
Eu e o boi, o boi e eu. Este é o nome do curta de animação escrito, dirigido e produzido pela pedro-leopoldense Jane Carmen Oliveira, que concorre ao Prêmio Grande Otelo do Cinema Brasileiro, indicado pela Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA). No filme, uma menina, amedrontada após escutar o relato da mãe sobre o temido Boi da Manta, tem sua primeira experiência na festa pedro-leopoldense, que culmina no encontro com o Boi. Após o estranhamento inicial, o medo se esvai e dá lugar ao fascínio, ao reconhecimento e à admiração por essa criatura, e pela festa do Boi da Manta como um todo.
Aos 30 anos, Jane Carmen mora em Pedro Leopoldo, cresceu na cidade, mas, em boa parte de sua trajetória, estudou em Belo Horizonte. Formou-se técnica em Química no Coltec e depois estudou Cinema de Animação e Artes Digitais na UFMG. “Durante a graduação, eu consegui uma bolsa para cursar um semestre na Universidade Paris 3 – Sorbonne Nouvelle”, observa Jane Carmen, que trabalha como ilustradora de cenários para animação e jogos. “Na animação, eu já participei de curtas e longas. O projeto mais relevante foi a série do Menino Maluquinho, disponível na Netflix’, acrescenta.
Seu primeiro contato com aulas de arte aconteceu no Festival de Verão, em 2003, quando ela tinha 8 anos. “Depois, minha mãe procurou uma aula de desenho, mas o que ela achou foi a aula de pintura da Penha. Lá eu fiquei dois anos e só estudei desenho novamente em 2011, quando me preparava para a prova de desenho do vestibular.
“Eu já tinha vontade de fazer um curta-metragem, mas eu não tinha recursos. Quando soube, em 2023, que vinha esse recurso para cá, contemplando produções audiovisuais pela Lei Paulo Gustavo, eu fui na Audiência Pública e vi que eles iam disponibilizar 20 mil. Parece que é muita coisa, mas num projeto como este são muitas pessoas envolvidas, então eu e outros realizadores argumentamos e conseguimos subir este valor para 35 mil”, conta Jane.
O filme já participou da Mostra de Cinema de Tiradentes e do Festival Lanterna Mágica, um dois maiores festivais de animação do país. “Conseguimos participar da mostra competitiva, o que dá um certo currículo ao filme, que já foi selecionado em mais de vinte festivais no país e também no exterior”, diz a diretora.
Quanto aos filmes que receberam os recursos da Lei Paulo Gustavo, a ideia dos realizadores é fazer uma mostra para exibir seus trabalhos. Numa cidade que ainda tem um cinema, não há dúvida de que este seria o palco ideal para a população conhecer a produção audiovisual de qualidade que é feita no município. “Eu dei uma palestra como contrapartida, mas acabou que realmente foi um projeto que não teve tanta visibilidade aqui”, revela Jane. Falha que pode ser corrigida: o filme está disponível no YouTube do Festival Respira até 30/06, já que concorre ao prêmio de animação do júri popular. Quem quiser votar e ajudar, precisa dar o like no vídeo e votar no formulário desse link: https://forms.gle/SUqBgc6JwssHShJ78.
Confira o filme aqui: https://youtu.be/ap2nb3oXZPU?si=RQ4feiv7F4D0OnOw.
Uma observação: iniciativas como o projeto Educação com Arte e o Festival de Verão foram responsáveis por despertar em crianças e adolescentes de Pedro Leopoldo o apreço pela arte e pela cultura. Muitos daqueles pequenos expectadores de shows, peças e oficinas acabaram seguindo a carreira artística, se profissionalizando como músicos, atores, artistas plásticos e, no caso da Jane, como uma cineasta reconhecida. Daí a importância dessas ações e, se possível, a criação de um espaço para o aprendizado e fruição das artes- caso de um teatro e de um centro cultural.
Veja algumas cenas do curta-metragem de Jane Carmen sobre o Boi da Manta.