Há vinte anos, o Brasil ganhava a Copa e perdia Chico Xavier….

Há vinte anos, o Brasil ganhava a Copa e perdia Chico Xavier….

Chico Xavier, em 1980 (Wikimedia)

Hoje, quinta-feira, 30/6, faz 20 anos que Chico Xavier, o mais importante médium do mundo, morreu – ou como acreditam os espíritas, desencarnou – em Uberaba, aos 92 anos. Estima-se que mais de 120 mil pessoas participaram de seu velório. Chico costumava dizer que morreria em um dia de grande alegria – coincidência ou não, a data marca a conquista, pela seleção brasileira, do pentacampeonato mundial de futebol. Nascido em Pedro Leopoldo no dia 2 de abril de 1910, viveu e atuou aqui até 1959, quando se transferiu para Uberaba, no Triângulo Mineiro. Nesta trajetória, ele se tornou um dos mais importantes nomes da história do Brasil: eleito mineiro do século e o maior brasileiro de todos os tempos por concursos de emissoras de TV, também foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.

Em vida, o médium psicografou mais de 10 mil cartas e foi responsável pela publicação de quase 500 livros, 98 deles após a sua morte. Vendeu mais de 50 milhões deles, uma receita que ainda hoje mantém cerca de 2 mil obras sociais no país. Mais do que nunca, Chico é um sucesso tanto nos livros quanto no cinema e na TV. Exemplos disso estão nos filmes  “Chico Xavier”, dirigido por Daniel Filho, com elenco estelar – Tony Ramos, Cristiane Torloni e Nelson Xavier – e “Nosso Lar”, de Wagner de Assis, grandes sucessos de bilheteria, além de séries de TV e, cada vez mais, registros na Internet. Durante a pandemia, a rede explodiu com a quantidade de lives, a maior parte delas promovida por centros espíritas de todo o país.

Um de seus biógrafos, Marcel Souto Maior, autor do livro “As vidas de Chico Xavier”, acredita que o interesse pelo médium pedro-leopoldense está associado à busca pela eternidade. “O Chico mobiliza a esperança imensa de que a vida seja mais do que uma contagem regressiva com uma morte total. Estamos em plena contagem regressiva rumo ao fim. Quando a gente fala sobre o Chico, falamos sobre uma vida que continua. Ele jura que os espíritos estão aí, estavam escrevendo através das mãos dele. É claro que essa esperança move muita gente”, disse o escritor ao site do jornal Extra.

Trajetória de uma celebridade

Chico Xavier era filho do operário João Candido Xavier e da lavadeira Maria João de Deus, que perdeu aos 5 anos. Ele e os sete irmãos foram morar com uma madrinha, pela qual era surrado até três vezes por dia.  Nesse período, ainda garoto, começa a “conversar” com o espírito da mãe, que lhe pedia paciência. Depois de dois anos de intenso sofrimento, Chico encontrou carinho e paz na nova esposa de seu pai, Cidália.

Em 1927, com 17 anos, ele passou a psicografar mensagens do além e, em 1931, teve o primeiro contato com seu mentor espiritual, Emmanuel, que lhe indicou “disciplina, disciplina, disciplina” para a missão que teria na Terra. O primeiro livro, o “Parnaso de além túmulo”, uma coletânea de 60 poemas atribuída a autores já mortos, saiu em 1932.

Chico começou a trabalhar aos 9 anos, no comércio e depois na Fábrica de Tecidos. Posteriormente, conseguiu um emprego como datilógrafo no Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, onde se aposentou. Os fenômenos mediúnicos ganharam todo o Brasil. Chico foi procurado, em Pedro Leopoldo e Uberaba, por personalidades de todo o país e jornalistas do mundo inteiro. Livros psicografados como “Há dois mil anos” (1939), e “Nosso Lar” (1944), tiveram edições gigantescas e ainda hoje  fazem grande sucesso.  Em 1971, suas participações no programa “Pinga Fogo”, na extinta TV Tupi, foram um sucesso tão grande que a segunda delas alcançou, sob os critérios da época, a audiência de 86% dos aparelhos ligados no país.

Os livros de Chico foram traduzidos para o inglês, espanhol, japonês, esperanto, francês, alemão, italiano, russo, mandarim, romenos, sueco, grego, húngaro. Sua morte há vinte anos foi lamentada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso que, em nota, disse: “Grande líder espiritual e figura querida e admirada pelo Brasil inteiro, Chico Xavier deixou sua marca no coração de todos os brasileiros, que ao longo de décadas aprenderam a respeitar seu permanente compromisso com o bem estar do próximo”. O governador de Minas, Itamar Franco, decretou luto oficial de três dias no Estado e declarou que “Chico Xavier expressava em sua face uma imensa bondade, reflexo de sua alma iluminada, que  transparecia, particularmente, em sua dedicação aos pobres, imagem que vou guardar para sempre, com muito carinho”.

 

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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