Quem costuma passar por Santo Antonio da Barra, acostumou-se a ver de longe uma árvore poderosa, a única fonte de sombra da única praça do bairro – onde fica a igreja de Santo Antônio. Com mais de dez metros de altura, ela costumava dar trabalho no outono, quando suas folhas caíam. Este ano, serão poucas folhas e nenhuma sombra: na manhã desta terça, 7/04, cerca de dez homens e três caminhões da Vina mutilaram a árvore e a deixaram no toco.
Um detalhe: isso aconteceu menos de um mês depois que uma empresa a serviço da Cemig esteve no mesmo local, aparou a copa da árvore, tirou as ervas de passarinho e deixou a árvore como estava, fornecendo generosa sombra para os moradores que a frequentam e as trabalhadoras que cuidam dela.
Pode parecer fútil, neste momento em que tantas vidas humanas correm risco, lamentar o corte de uma árvore. No entanto, como disse o líder indígena Ailton Krenak, “a epidemia de coronavírus que se dissemina pelo mundo é uma resposta do planeta à forma como a sociedade vem consumindo a Terra”. E que devemos mudar nossos hábitos, pois a quarentena mundial está mostrando como estávamos tratando mal a natureza. “Pássaros estão voltando a locais de onde haviam desaparecido. A água suja está se tornando limpa”, disse Krenak.
Como a natureza é generosa, a árvore do Matuto vai crescer de novo, é claro. Indisciplinadamente, se não for podada corretamente das próximas vezes. Daqui a algum tempo, não temeremos mais sair às ruas. E ela estará esperando por nós.