Maria Brinquinho de Fidalgo, uma das primeiras pedro-leopoldenses

Maria Brinquinho de Fidalgo, uma das primeiras pedro-leopoldenses

Dona Maria Brinquinho e Cynthia Salomão

Um artigo de Cynthia Salomão *

Moradora do distrito de Fidalgo, Dona Maria Batista ganhou o apelido de “Brinquinho”, nome muito carinhoso e popularmente conhecido por todos na comunidade. Nascida aqui em 11 de abril de 1924, Dona Maria é uma das primeiras pedro-leopoldenses da cidade emancipada e, junto com ela, comemora uma data muito especial: seus 101 anos.

A cidade ditosa, progressista do sertão, neste centenário celebra suas pessoas, suas histórias e suas tradições. Já Dona Maria reflete, aos 101 anos, sua força e determinação. O centenário da cidade, para Dona Maria, mais do que uma data comemorativa, é a celebração de sua própria jornada, de sua história de trabalho, luta e superação, e de como ela se mantinha, com graça e dignidade, em meio ao tempo que passava.

Filha da senhora Jovelina Batista de Oliveira e do senhor Pacífico Rodrigues de Melo, Dona Maria foi casada com o saudoso Raimundo Fagundes Oliveira. Em seu ventre, gerou 18 filhos, sendo que seis morreram ainda na barriga e três quando ainda eram crianças. Atualmente, vive rodeada dos nove filhos: Maria Helena, Manoel, Reinaldo, Reginaldo, José Eustáquio, Nilça, Helenice, Vanice e Roseli, seus 21 netos e 25 bisnetos.

Os filhos de Maria Brinquinho….
…e suas filhas.

Com os olhos brilhando de emoção e seu sorriso simples, Dona Maria vê o aniversário da cidade como uma grande festa para todos, mas principalmente para ela, que está aqui desde o começo de sua grande história. Embora sua vida tenha sido marcada pela luta no campo, pelo trabalho árduo e pela simplicidade, ela faz parte fundamental da história da cidade. Quando olha para a praça, para as ruas onde cresceu, sente-se conectada ao passado, às gerações passadas e atuais.

Nascida em uma casa simples, sempre foi uma filha respeitosa e isso era algo que todos na pequena comunidade sabiam muito bem. Desde pequena, foi ensinada por seus pais a valorizar a educação, o respeito e a dignidade acima de tudo. Naquela roça, como era antigamente, onde as dificuldades eram muitas, ela aprendeu que o valor de uma pessoa não estava nas posses materiais, mas na maneira como tratava os outros e cresceu ajudando seus pais em tudo o que podia.

Casou-se jovem e a vida não era fácil, mas plena de uma simplicidade que poucos conseguiam entender. Enquanto seu esposo trabalhava na lavoura de milho e feijão, Dona Maria cuidava da casa e dos filhos, ensinando-os a valorizar o pouco que tinham. A família vivia de maneira bem humilde, mas, mesmo assim, sempre se ajudavam, compartilhando o que possuíam e se apoiando nas dificuldades. Os dias eram longos, regados de muito amor e união entre eles. Mesmo sem dinheiro para comprar roupas e sapatos novos ou brinquedos, se sentiam ricos em amor e respeito.

Dona Maria é uma mulher simples, seu rosto carrega as marcas do tempo e das lutas diárias. Andava distância longa para buscar água em cisternas para matar a sede, uma delas situada na casa do meu saudoso pai, Sebastião Bastos. Desde muito cedo então, eu percebia o valor e o carinho dos meus pais com a Dona Maria e sua família. Assim, todos nós aprendemos a amá-la como se fosse da família.

Na simplicidade da roça, ela encontrou seu próprio caminho para a felicidade, sempre com a certeza de que o trabalho, a esperança e o amor familiar eram as maiores riquezas que alguém poderia ter. As refeições eram preparadas com o que havia, mas sempre com muito amor. Ela sabia que, mesmo sem luxo, o que realmente importava era o cuidado com cada gesto, com cada refeição, com cada palavra de conforto que oferecia à sua família.

Dona Maria com a bisneta mais nova

Lavava roupas à beira do córrego e entre o balançar das roupas e o olhar atento sobre os filhos que brincavam perto, Dona Maria sentia uma paz silenciosa. Após a lavagem, Dona Maria levava as roupas de volta para casa, muitas vezes pendurando-as no varal e durante todo o dia; o cheiro de roupas limpas e o som do vento balançando o tecido eram o reflexo de uma vida cheia de dedicação.

Mesmo com tudo que a vida exigia dela, ela e seu esposo nunca deixaram de sonhar com dias melhores para seus filhos. O amor que tinham pelo trabalho árduo e pela vida simples era tão grande que, para ela, aquele era o maior presente que poderia oferecer: uma vida de coragem, de fé e de muita dedicação, sem nunca perder a esperança.

A cidade de Pedro Leopoldo celebra seu centenário e Dona Maria, com seus quase 101 anos, vive esse momento com uma alegria imensa e com o coração repleto de amor e com a mesma alegria de sempre. Inspirada em seu exemplo, parabenizo Pedro Leopoldo pelos seus 101 anos de muitas histórias, muitos “causos” e belezas naturais! Desejo à nossa cidade um futuro de prosperidade, com muitas maravilhas a serem vivenciadas.

*Cynthia Salomão é vereadora, professora e orgulhosa pedro-leopoldense

 

Redação

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