Quem pensa Pedro Leopoldo, dá sua opinião

Quem pensa Pedro Leopoldo, dá sua opinião

Fórum AQUI PL de Desenvolvimento

holcim-mesmo

A indústria mundial vem mudando ao longo dos últimos anos e não se trata apenas do uso mais intenso de tecnologia que reduz empregos – algo como uma nova revolução industrial. As mudanças envolvem também o deslocamento das grandes indústrias para países em desenvolvimento e a emergência da China como grande centro industrial do planeta. Ao mesmo tempo, verifica-se uma acentuada concentração nas principais cadeias industriais mundiais, com grandes corporações se reorganizando internacionalmente para aumentar sua competitividade.

As decisões que saem das salas com ar condicionado em Xangai ou Nova Iorque acabam por mostrar suas piores conseqüências bem perto de nós. E enquanto Ipatinga corre o risco de perder uma Usiminas afundada em dívidas e brigas entre sócios japoneses e italianos, a Holcim (foto)  se funde com a Lafarge e se torna uma nova empresa – e se ao longo dos anos tivemos uma relação de intensa convivência com a primeira, pouco conhecemos da segunda e muito menos do que elas se tornaram. O reflexo imediato e mais perverso é o das demissões, que tem razões estruturais, como já vimos, mas se confunde com o panorama de crise econômica e política que o país enfrenta.

Nesse contexto é que estaremos debatendo as alternativas locais de crescimento para Pedro Leopoldo no I Fórum AQUI PL de Desenvolvimento. O que podemos fazer para aquecer nossa economia, incentivar empreendedores, criar atividades que gerem emprego e renda? Os pedroleopoldenses que pensam a nossa cidade apontam problemas e sugerem caminhos para vencer esses desafios.  (foto: divulgação Holcim)

 

 

Forum-Wesley

O PREÇO DOS ALUGUÉIS É ALTO

Eu gostaria de destacar os valores de aluguéis praticados na cidade. São muito elevados e influenciam diretamente os preços (quase que impraticáveis) dos produtos e serviços de nossos comércios. Talvez seja esse o motivo de tantas lojas estarem fechadas ou fechando.

Comércios e indústrias que em outros tempos foram promissores e aqueciam a nossa economia, hoje deixam apenas saudades. Basta um passeio rápido pelas ruas para visualizar a quantidade de anúncios e placas em seus diversificados tamanhos, cores e formatos, com os tristes dizeres de “Aluga-se este local” ou “Passa-se ponto”! São vários os motivos que contribuem para esse cenário. Dentre eles, um especificamente me chama atenção: o alto valor de aluguel cobrado pelas imobiliárias.

O aluguel de um bom ponto comercial no centro da cidade, por exemplo, tem variado entre R$ 1.200,00 e R$ 3.000,00. Esse valor pode ser ainda maior, dependendo do tamanho da loja comercial, o que tem inviabilizado os sonhos e projetos de muita gente. Não é mistério que o sucesso de um negócio passa por um bom planejamento, que contemple, dentre outras coisas, os valores a serem gastos com a utilização e manutenção do ponto comercial.

Se o valor a ser pago pelo aluguel do ponto comercial for muito elevado, o empreendedor não conseguirá manter um preço bom e atrativo de seus produtos ou serviços prestados.  Assim, creio que seja uma boa ideia a Associação Comercial e Empresarial de Pedro Leopoldo se reunir com as imobiliárias da região para estudar um meio de se praticar preços mais justos e atraentes, favorecendo e incentivando os empreendimentos locais. Se quisermos continuar sendo a Pedro Leopoldo ditosa e progressista do sertão, devemos unir forças pra gerar recursos, estabelecer objetivos e metas e tentar superar esse momento de crise econômica que impacta grande parcela de nossa população. Acreditar sempre e jamais ceder ao pessimismo!

(Wesley Santos é Técnico em Segurança do Trabalho pelo Senai e está cursando o 8º período de Direito na Fundação Pedro Leopoldo. É estagiário jurídico no escritório Rocha Cerqueira)

 

Forum-Bruno-Magela

QUEM NÃO SE MOVE, FICA PARADO

Acredito que Pedro Leopoldo é uma cidade promissora. Vemos cidades nos arredores que não são tão desenvolvidas e acolhedoras quanto nossa querida PL e nem têm tantos atrativos. Infelizmente, nosso comércio é pouco preparado para receber clientes, quem dirá turistas. Neste contexto, acredito que primeiramente deveríamos desenvolver um sistema de educação empresarial mais adequado, com visão a médio e longo prazo.

Quantos empresários conhecemos que estão se atualizando e buscando soluções para sair da atual situação? Quantos deles investem em treinamento para seus colaboradores e acompanham diariamente seu desempenho? Quantas idealizam um plano de marketing agressivo e o colocam em prática?

Pedro Leopoldo recebe pessoas das cidades vizinhas, mas nenhum plano de ação que eu conheça foi realizado para explorar as oportunidades de fidelizar, conquistar e alcançar definitivamente esse público.

Se essas ações cabem à iniciativa privada ou ao poder público, é assunto para outro momento, mas se nós não nos movermos, definitivamente não chegaremos a lugar algum. Finalizando: Pra quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve.

(Bruno Magela é Consultor empresarial)

 

forum-vitor-lino

UMA PEDRO LEOPOLDO MAIS EDUCADORA

Uma cidade boa para se viver, experimentar a natureza, a cultura e os encontros fraternos, aprender, passear e trocar experiências, pode elevar seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e tornar-se um local mais atrativo para moradores e investidores. Nessa direção, o conceito de “cidade educadora” (Caballo Villar, 2001), propõe a integração de parceiros, o diálogo da administração local com associações de moradores, a potencialização das experiências educativas para além da escola e o foco na criança e suas necessidades como indicador das ações a se realizar. Ou seja, educação, cultura, saúde, transporte, urbanismo e tantas outras áreas são pensadas considerando se são seguras, ou próprias, para crianças, de modo que elas sejam incluídas e protegidas. Logo, adultos, idosos e pessoas com necessidades especiais são também contemplados, uma vez que um lugar inclusivo para crianças pode incluir todos os outros.

Como exemplo disso, poderíamos ter em Pedro Leopoldo projetos de educação, cultura permanente, meio ambiente e economia solidária, financiados por empresários, com algum tipo de isenção fiscal – dentro dos parâmetros legais – em conjunto com o poder público.  Estudantes, aposentados e produtores poderiam participar com sua experiência teórica e prática nas ações em questão e pessoas com conhecimentos específicos nas áreas poderiam oferecer formações, acompanhamentos e orientações, como voluntários, sendo esse processo gerido pela administração pública.

Em Santos-SP há, por exemplo, um projeto no qual aposentados que viram a cidade se modificar ao longo dos anos, trabalham em seus pontos turísticos, contando suas histórias. Recebem um incentivo financeiro e trabalham meio período, o que os reintegra socialmente. Isso poderia acontecer por aqui. Outro exemplo é a reestruturação de nossas vias públicas com espaços arborizados, calçadas, ciclovias e sinalizações que garantam a circulação das crianças, o que consequentemente trará mais segurança para outras pessoas. Além disso, a administração local dialogaria mais com as associações de moradores, além dos grupos virtuais que estão sempre pautando discussões sobre a cidade e possibilidades de resolver seus problemas, formando uma rede integrada de ações e parceiros.

Vítor Lino é Mestre em Educação pela UFMG e Supervisor Pedagógico na Secretaria Municipal de Educação

 

Forum rosane pimentel

 CINDERELAS E AS SANDÁLIAS DA HUMILDADE

Fiquei nove meses em uma empresa e fui demitida. Com uma semana parada, fui chamada para três entrevistas. Para uma não fui, porque tinha que parar a faculdade. Em outra, o salário era inferior à primeira proposta. Optei por retornar a uma empresa na qual já havia trabalhado. Sinto que estou tendo sucesso tratando meu cliente com mais zelo e buscando inovação. Acho que a crise favoreceu os empregadores, no sentido de seus profissionais perceberem que nada é para sempre e se você não se recicla e para de se achar autossuficiente, você está fora!

Temos diversas áreas em nossa cidade deficientes de profissionais empenhados. Esqueceram que o cliente é o rei e sempre será. Boa parte, principalmente da geração y,z etc… acha que sabe tudo de computador e que nunca vai passar dificuldades… quando dá um passo de crescimento na empresa, acha que fez a caminhada inteira. Ego tomando conta de muita gente e bombardeando a qualidade de atendimento das nossas empresas. Muita gente roubando hora de patrão no whatsapp, tratando de assuntos pessoais e esquecendo de gerar produtividade para o crescimento do negócio. E acho que isso afetou o mercado do planeta inteiro…

Só que agora, principalmente com a redução nas indústrias em nossa volta, a sandália da humildade está servindo em muitas cinderelas e cinderelos, o que acho muito bacana (deixo claro que me incluo nesse meio), pois percebemos que temos que nos renovar a cada dia e ir pra luta mais uma vez, partindo às vezes do zero. Isso pode fazer com que nossa cidade cresça muito! Temos clientes de toda região e podemos aumentar esse número se agirmos de forma diferente do que fizemos até hoje. Temos vários caminhos, e o principal é acreditar que podemos nos doar de vez em quando, compartilhar conhecimento e experiências! Podemos nos unir e ganhar cada um um pouco e não faltar nada para ninguém! Isso se chama comunidade!

(Rosane Pimentel é gerente da Via Informática e cursa o quarto período de Administração na FPL)

 

julio

A CIDADE QUE PRECISA DAR CERTO

Nesses últimos tempos, Pedro Leopoldo está convivendo com uma perspectiva que não é exclusivamente sua, mas que tem peculiaridades que a tornam, pelo menos para nós que aqui vivemos e criamos nossos filhos, muito especial e, sobretudo, preocupante: a necessidade de se reinventar para não depender do cimento como matéria prima para a vida de todos nós.

A cidade que até a década de 50 vivia da agricultura e pecuária passou a se desenvolver mais rapidamente com a vinda da primeira fábrica de cimento. Hoje, PL, Vespasiano e Matozinhos, juntas, representam 50% da produção de cimento de Minas Gerais. Na esteira dessas fábricas, empreendimentos relacionados foram se instalando e permitindo o crescimento e geração de centenas (talvez, milhares) de postos de trabalho. Assim, apesar de todo o impacto ambiental decorrente desse tipo de atividade em nossa região, é inegável o seu papel propulsor da economia da cidade.

Acontecesse que passamos a acompanhar simultaneamente a ocorrência de diversas situações que estão contribuindo para que essa escolha de novos caminhos se torne a pauta do dia. Em primeiro lugar, a crise na construção civil – setor que representa 9% do PIB nacional – é a responsável por boa parte da retração de 3,6% do país, estimada para 2016: em 2015, foram eliminados cerca de 500 mil postos de trabalho nas empresas desse setor.

As movimentações do setor, com a fusão mundial entre Lafarge e Holcim e todos os seus reflexos – principalmente em termos de redução de pessoal e o início (em breve) da operação da nova unidade de Barroso, apontando para uma possível diminuição do volume de produção da unidade em nossa cidade. Some-se a isso a notícia, de meses atrás, de que a Camargo Corrêa – controladora da cimenteira Intercement – que possui uma unidade em PL – também está vendendo parte da empresa.

Assim, o desafio da cidade que cresceu por causa do cimento passa por dois caminhos: no curto prazo, se manter durante a crise, com a perda de postos de trabalho e o fechamento de diversas empresas que atuavam no arranjo produtivo ligado à produção de cimento e, no médio e longo prazo, como identificar novos caminhos, de forma a diminuir essa forte dependência de uma atividade única – e que em algum momento vai acabar – apesar de termos umas das maiores reservas de calcário do Brasil, estimada em cerca de 800 milhões de toneladas.

No curto prazo, o caminho deve considerar algumas características importantes da nossa cidade: a possibilidade da exploração de seu potencial turístico e científico, que inclui o Parque Estadual do Sumidouro e toda a área cárstica do município, cuja importância é reconhecida nacionalmente através da APA Carste; o potencial histórico religioso, representado na figura do Chico Xavier, mineiro do século XX e o potencial logístico e econômico representado pelo posicionamento da cidade no Vetor Norte-Metropolitano – região que concentra diversas iniciativas de desenvolvimento executadas nos últimos anos, sobretudo após a reativação do Aeroporto de Confins e a inauguração do Centro Administrativo do Governo de Minas.

Estabelecer ações coordenadas, com a participação da comunidade, do governo (municipal e estadual) e das empresas da região no intuito de buscar alternativas para a cidade é fundamental para contornar a crise atual. Não há soluções milagrosas e, principalmente, não há “salvadores da pátria” para resolver essa situação. E, principalmente, ações simplistas, que não tenham como premissas a preservação dos patrimônios (histórico, cultural, ambiental) e a conscientização da comunidade sobre a necessidade de buscar a sua identidade e o seu próprio caminho fazem com que seja fundamental destacar o papel das escolas da cidade na busca dessa solução.

Pedro Leopoldo tem a Fundação Pedro Leopoldo, com mestres e doutores, 50 anos de tradição em educação e destaque em todo o estado e país, tem diversas escolas (públicas e particulares) e possui gente qualificada, atuando aqui e fora da cidade, que pode – e deve – colaborar com ideias, sugestões e, principalmente, com discussão e participação. No longo prazo, é a participação das pessoas da cidade que irá fazer com que o caminho a ser traçado seja, de fato, o melhor caminho para Pedro Leopoldo. A cidade que precisa dar certo não pode “terceirizar a escolha de seu futuro”!

(Júlio César Lopes Pereira é empresário de TI e professor na FPL)

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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