Hoje seria a Festa do Poste!

Hoje seria a Festa do Poste!

Zé Ferreira e João Bundinha “conduzem” a Orquestra Fila Boia

Na Pedro Leopoldo que todos sonhamos, certas coisas nunca acabariam. Entre elas, a Festa do Poste, que completaria hoje 44 anos. Tudo começou no dia 20 de abril de 1980, quando a turma dos Amolados e Apaixonados estava reunida ao lado do poste de luz que fica em frente à Padaria Jaques. Um dos rapazes atentou para a sua data de fabricação, 20 de abril de 1961 e chamou a atenção dos demais: “ô pessoal, hoje é o aniversário deste poste, vamos comemorar”, e assim iniciou-se a festa.

A Padaria do Jaques deu o bolo, as velas e os biscoitos, o bar Cachorro Quente, que ficava em frente, forneceu cervejas e refrigerantes, o poste foi enfeitado com papel higiênico, bandeirolas e balões e o pessoal soltou foguetes, cantou parabéns, fez discursos e homenagens, o que naturalmente atraiu os que por ali passavam e acabaram aderindo ao acontecimento que rolou pela noite adentro. Dali pra frente, o inusitado Aniversário do Poste virou tradição.

O Poste ganhou sua madrinha, Ligia Belisário, e a festa, maiores proporções ao longo dos anos, com a Banda Cachoeira Grande executando o Parabéns, palanque da prefeitura, presença do presidente da Cemig, shows e a presença de milhares de pessoas. “Recebemos muitos telegramas de congratulações, entre eles os do Presidente da República, Governador, Ministros e Secretários de Estado. A revista Visão, que circulava em todo o país, e a Rede Globo fizeram matérias sobre o evento e a imprensa local e estadual deu ampla cobertura”, conta o organizador José Ferreira que, ao lado de seu irmão João Antônio, o João Bundinha, conduzia o divertido evento.

Em 1983, um fato pitoresco: o apresentador do programa “O povo na  TV”, da extinta TV Itacolomi, ao receber o convite, entendeu erroneamente seu objetivo e criticou duramente a Cemig, por acreditar que o poste estava caindo. O Prefeito teve que fazer os devidos esclarecimentos e depois de tudo resolvido, a equipe da festa participou do programa com um show de trinta minutos.

A festa tinha bolo, discurso, hino e poema. Após a banda, subiam ao palco os artistas locais, em divertidos esquetes teatrais e no ponto alto da noite: a apresentação da orquestra Fila Boia – um grupo hilário de jovens pedro-leopoldenses, que “dublava” concertos sinfônicos com instrumentos reais e de papelão. Os “Três antenores”, de fraque, dublavam o trio Carreras/Pavarotti/Domingo. O evento era encerrado com shows de bandas cover de Elvis Presley, Raul Seixas, dos Beatles, entre outros. “O único patrocinador era a Cemig, que após nos ajudar por muitos anos, retirou o patrocínio.  A prefeitura nos dava o palanque”, frisa Zé Ferreira.

Foi numa Festa do Poste o primeiro show do cantor Cacá Vieira, então na banda Tempo Zero. “Lembro da ansiedade e medo do palco que senti naquele dia.  Mas foi daquela primeira apresentação que um caminho começou. Em pouco tempo, fui convidado pela banda Mary & Joe e depois pela Outubro Vermelho. Essa festa poderia ter se transformado num grande festival. Faz muita falta e é uma coisa genuína do reino pedro-leopoldense”, declara o cantor.

Para a psicóloga social Georgina Vieira, era o evento mais interessante do país. “Certa vez, Zé Ferreira e eu nos encontramos no aeroporto de São Paulo e conseguimos ficar lado a lado no vôo. Entre tempo de espera, voo e aterrissagem, foram mais de duas horas conversando sobre o Aniversário do Poste. Eu ficaria mais dez horas sem me cansar. Grande e criativo Zé Ferreira”, aponta Georgina.

A festa terminou em 2012, devido às dificuldades financeiras e exigências da polícia militar, que a organização não conseguiu atender. “Antes, a festa ia até duas, três horas da manhã. Como a polícia não daria cobertura após as 23 horas, sendo que qualquer problema ocasionado após este horário era responsabilidade minha, resolvemos encerrar a festa de aniversário do poste, depois de 32 anos de comemoração”, lamenta o organizador.

A festa simples, sem grandes ostentações, que alegrava imensamente o povo da cidade, já não existe. Tinha tudo de bom: música, dança, teatro, humor, valores locais e principalmente, o espírito de solidariedade, que une pessoas, sem qualquer interesse comercial, em torno de uma iniciativa para muitos. A Festa do Poste era também uma atração turística, pelo menos no imaginário do povo brasileiro. Quem não gostaria de participar de um aniversário destes? O apelo é tão forte que, doze anos depois de seu fim, a Festa do Poste ainda é apontada, na Wikipedia, como grande evento de Pedro Leopoldo.  Neste 20 de abril de 2024, parabéns para os 63 anos do Poste! (Fotos Arquivo José Ferreira)

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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