O desafio de retornar às aulas de uma forma nova….e desconhecida

O desafio de retornar às aulas de uma forma nova….e desconhecida

 

Apesar dos sacrifícios que nos limitam, na tentativa de criar uma barreira de proteção à pandemia que nos atinge, há um aprendizado muito significativo acontecendo em todo o planeta. De uma certa forma, para muitas coisas não há mais volta, e o caminho agora é mesmo ficar o maior tempo possível em casa e se conectar no mundo virtual que gira em outra rotação.

Adaptar-se é evoluir como provavelmente diria a aluna Nathália, do Ensino Médio Regular, quando perguntou à professora se poderia enviar suas atividades escolares pelo Whatsapp, pois não sabia usar o e-mail. A professora foi além e respondeu: Bom dia, Nathália! Pode mandar o dever por aqui, por favor. Depois, vc quer que eu te ensine a enviar pelo e-mail?

A primeira jornada das aulas remotas no Estado de Minas Gerais, lançada no dia 18 de maio, já terminou. Entre os erros e acertos, mas nutridos de esperança, começamos a segunda etapa ontem, 22/6. Afinal, quem poderia imaginar ter que sair da escola e se refugiar, abandonar o grande espaço
sólido, coletivo, de conhecimento, interação, amizade, um lugar muitas vezes doce, às vezes amargo, ou seja, deixar para trás, sem hesitar, a imponente casa de saberes, muitas vezes uma extensão do próprio lar?

A vida mudou para todos na comunidade escolar. O aluno Vinícius conta como está sua rotina matinal “Diante desta pandemia, minha rotina mudou… mantenho alguns hábitos como levantar cedo, tomar café da manhã e acompanhar as aulas pela Rede Minas e o Conexão Escola. Em seguida, resolvo questões das apostilas do PET e os deveres complementares que os professores têm mandado…”

Retornar às aulas, de uma maneira desconhecida, é um desafio. Por isso, adaptar-se demanda tempo, e cada um tem o seu, vale dizer; requer paciência, senso de coletividade; não podendo, portanto, haver espaço para o egoísmo, mas abertura para o diálogo, compreensão e empatia. Neide, aluna da EJA, desabafa “…estava querendo até desistir, mas minha filha não deixou. Tenho fé que vou ter mais paciência e conseguir!”

Com certeza, novos conteúdos, novas ideias estão surgindo. A primeira e mais difícil fase talvez possa ser um pouco amenizada. Luíza, do terceirão manhã, escreve “Eu aprendi bastante coisa em meio a esse caos, pois ele me permitiu mais tempo para pensar nas coisas e nas pessoas e como posso fazer a diferença. Também tive tempo para aprender a fazer algo que tenho vontade e curiosidade, como a meditação, jardinagem , ioga e o tricô que é algo que sempre achei interessante a forma como é feito.”

O ensino on-line foi implantado sem o mínimo treinamento, todos estão sendo levados a se adaptar cada um à sua maneira e nas suas condições. O auxílio a familiares que apresentam dificuldades no emprego das ferramentas disponíveis para uso dos alunos é de suma importância. Prova disto, foi a oficina virtual para aprender a utilização da ferramenta Classroom do Google, ministrada pelo professor Warley Lana ao público externo e seus pares da E. E. Imaculada Conceição dias 18 e 19/06/2020, a partir da demanda de alguns que necessitavam se atualizar diante dos novos paradigmas.

O professor Warley conta como foi. “Vi que estávamos aflitos com tudo o que acontecia. Um dia, no próprio grupo de whatsApp da escola, a professora Lara postou sobre um curso de Classroom, a distância. Fiz o curso. Gostei muito da ferramenta e pensei em agir como replicador do que aprendi. Silvana, supervisora, me contatou e perguntou se eu podia ajudar. Prontifiquei-me e montei o workshop”.

As realidades são muito distintas no contexto das escolas públicas. Usar o senso de colaboração em tudo, nas ações, nos julgamentos, é um bom critério para tentar amenizar os impactos reais e prováveis na Educação. O relato da Paula, também do terceirão, mostra mais um pouco da realidade. Ela diz: “No começo, estava tudo as mil maravilhas. Eu aproveitei bastante esse tempo livre fazendo yoga, alguns exercícios físicos, colocando a leitura de alguns livros em dia, testando novas receitas, assistindo e reassistindo às minhas séries e meus filmes favoritos, estudando mais sobre as causas que eu defendo (…) “Agora, muita coisa mudou, depois que o ensino a distância começou, muito do tempo que eu tinha foi tomado pelos estudos… veio o tédio, comecei a ter até insônia (…) Vai ser incrível quando eu puder rever meus amigos, marcar umas festas”, sonha Paula.

Esse tempo não está fácil para ninguém, é verdade. Mas viver é mesmo uma dicotomia sem fim… Uma canção recomenda: “Calma, o mundo precisa de pausa!

Eliane Matilde

Eliane Matilde é mulher, mãe e professora mas, fundamentalmente, uma pedro-leopoldense que luta por sua cidade

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