Pobre Luzia, que não pode se defender das acusações de expulsar a Heineken daqui….

Pobre Luzia, que não pode se defender das acusações de expulsar a Heineken daqui….

Tem muita coisa estranha por trás do embargo da obra da Heineken, cuja instalação, para quem não sabe, foi anunciada no final do ano passado, ainda no governo Marião. Diga-se de passagem, ninguém sabia que o governo de Minas negociava com a cervejaria holandesa.  Agora, sobram perguntas que não querem se calar:

1 – Se, como disse um especialista, “é um absurdo fazer uma indústria tão próxima de um sítio arqueológico”, por que os órgãos de proteção às unidades de conservação, no caso o ICMBio, não se manifestaram sobre isso neste quase um ano?

2 – Com esse perigo todo, como é que há mais de 50 anos funciona ali ao lado da “caverna de Luzia” uma mineradora, a Lapa Vermelha, que inclusive cuida da segurança do sítio arqueológico?

2 – Por que só agora, com a obra em andamento, pessoas e serviços contratados e hotéis cheios, é que a obra foi embargada, as máquinas paradas e a empresa multada? Há limites para a burocracia no serviço público e, mesmo que “o papel” não tivesse chegado, não seria o caso de prevenir a cidade, a empresa e o Estado?

3 – Afinal, a Semad desrespeitou a lei ao licenciar o empreendimento? O que seria necessário para o empreendimento ser correto ambientalmente? Não seria bom pra todo mundo que isso ficasse mais claro?

4 – Todo mundo sabe que a Holanda e consequentemente suas empresas levam a sério questões ambientais. Consequentemente, iriam querer distância de qualquer querela relacionada a meio ambiente. Imaginem se a Heineken vai querer sua marca associada a uma atividade predatória em tempos de crise climática?

Em suma, queremos Luzia e cervejaria e um bom sinal é que os grupos políticos da cidade já estão se unindo, sem olhar coloração partidária, para lutar pela instalação da fábrica. É muito ruim que, a falta de se manifestarem os verdadeiros motivos, culpem a pobre Luzia, que já esteve morta e enterrada antes de descobrirem o seu fóssil, de impedir a vinda de uma grande empresa. Afinal, todo mundo quer um investimento de R$ 1,8 bilhão, que vai gerar para a cidade 350 empregos diretos e outros tantos indiretos. Em especial nesses tempos em que o Brasil vislumbra o caos econômico e, diante da tragédia, a única coisa de venda garantida vai ser mesmo uma consoladora cerveja.

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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