Qual a vocação da nossa cidade?

Qual a vocação da nossa cidade?

Pedro Leopoldo completará 100 anos em 2024 e ainda me pergunto qual é a nossa vocação. Sem defini-la, não haverá Plano Diretor capaz de sustentar uma trajetória ascendente do município
ou programas de governo, qualquer que seja o partido político. Olho a nossa cidade e vejo que não traçamos um rumo capaz de sustentar uma ou mais vocações. Tínhamos um certo orgulho de ser melhor, mais instruída, com mais recursos que as nossas vizinhas. Essas avançaram mais do que nós.

Mas como um castelo de cartas, vemos tombar a importância da Fazenda Modelo, a perda de empreendimentos que julgávamos moldar a nossa identidade (Cauê, Fábrica de Tecidos e outros) ou
a transferência de controle acionário para empresas sem vínculo afetivo com a cidade! E as empresas cujos proprietários moram no município, ainda precisam se fazer ver para além da sua linha de produtos ou serviços.

Vemos, com pesar, as dificuldades enormes enfrentadas pela nossa Faculdade, pela nossa Banda de Música, pela preservação dos nossos patrimônios culturais, históricos e naturais. A cidade mudou, inevitavelmente. Mas não me parece que traçou o caminho para o futuro, deixando que ele se instale como quiser, a seu bel-prazer. Há cidades muito menores que definiram a sua vocação e se expandem na direção pretendida. Nós não. Nos dividimos, quando deveríamos estar todos unidos para fazer de PL uma cidade turística e com indústrias não-poluentes.

Temos o nosso Chico Xavier e em torno dele poderíamos ampliar um programa turístico-histórico-cultural. Temos estrutura física, pessoas e historiadores da terra, habilitados a esse fazer e o fazem por missão pessoal. A nossa Banda poderia ser também um polo de formação de jovens músicos. Temos espaços naturais e históricos a serem valorizados e divulgados, patrimônios a serem tombados. Precisamos embelezar o nosso Centro, em torno da Igreja Matriz e seus entornos.

Completamos 99 anos! Temos tido boas notícias do foco à cultura dado pelo governo local. Mas não pode ser atribuída a qualquer governo essa responsabilidade. A sociedade civil, os estabelecimentos de ensino e os empresários não podem se esquivar dessa tarefa de todos. Que tal chegarmos aos 100 com um Plano Geral para a cidade, com uma carta compromisso de vários setores, a iluminar nosso futuro? Aí sim, teríamos a Banda de Música a dar a trilha sonora à trilha do nosso desenvolvimento!

Georgina Vieira da Silva

Psicóloga pela PUC-MInas, Mestre e Doutora em Psicologia Social pela USP

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